domingo, 3 de janeiro de 2016

Relacionamentos e relacionamentos

Como já escrevi no texto sobre sexo no período de tratamento (veja no menu), sentir-se bonita, interessada e interessante nessa fase é muito difícil. A quantidade de hormônios que temos que usar durante o tratamento é descomunal e isso muda o corpo e a mente . Sentimos que tudo está diferente e o pior é que muitos desses medicamentos causam sintomas parecidos com os do início de uma gravidez. Como já estamos ansiosas pelo positivo, acabamos acreditando que o tratamento deu certo e que há um bebê a caminho. Não é bem assim para a maioria esmagadora das mulheres. Isso reflete diretamente na nossa auto estima porque acabamos por nos sentir "menos mulheres". Depois disso passamos a nos sentir menos bonitas, menos interessantes e vamos ficando desinteressadas. E os parceiros percebem de cara. É dessa armadilha que temos que fugir.
O tratamento para a fertilização é muito desgastante em todos os sentidos e muitas mulheres podem se perguntar como farão para manter o sexo na pauta do dia nesse período. É realmente difícil. No entanto, eu digo que o segredo, se é que existe um, está na admiração profunda pelo parceiro, no nível de intimidade que ambos possuem. Quando admiramos profundamente, o desejo vem de modo natural mesmo quando se está vivendo uma situação difícil. 
Meu marido sempre notava a maneira como os casais se tratavam na sala de espera da clínica onde fizemos os dois tratamentos. A maioria parecia que se aturava simplesmente. Ele falava como é que podia um casal chegar até ali se ambos pareciam nem ao menos se respeitar quanto mais admirar um ao outro. É a mais pura verdade. Sem querer parecer irreal, nós viajávamos quase 400 km para chegar à clínica e lá, mesmo cansados, nos mantínhamos carinhosos um com o outro o tempo todo.
Não há filho que dê jeito numa relação falida.  E a gente sempre sabe quando tudo já foi para o espaço, mas num primeiro momento não aceita. Digo isso  porque  já passei por um casamento falido e vi outras pessoas passarem.   E a gente nega ...  Nega o que está ali na nossa cara. Não cabe discorrer sobre as razões que nos levam a negar o fim de um relacionamento mas o fato é que, com a graça de todos os deuses, um belo dia a gente se liberta. Num outro dia ainda mais belo, conhecemos o amor de nossa vida. Aí sim vale a pena embarcar nessa viagem que é ter um filho. Não tive no meu primeiro casamento e não me arrependo. 
O amor da minha vida chegou tarde para mim quando eu já estava com 39 anos. Hoje tenho 41 e sei que ser mãe não vai ser nada fácil, mas quando se está do lado do grande amor da sua vida, tudo fica iluminado. Até as dificuldades.

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