quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Depois do primeiro BHCG negativo

O primeiro beta negativo a gente não esquece. 
É uma dor, um desalento, uma solidão e um desconsolo que não cabem no peito. Nessa hora ou o casal está mesmo junto ou então a casa pode começar a cair.
Portanto eu digo: quem pretende entrar nessa coisa toda da fertilização precisa, antes de mais nada, estar com a cabeça muito boa e ter um relacionamento para lá de bom com o parceiro. Não pode se meter numa coisa dessa para preencher vazio nenhum da vida. Isso é porque nessa hora do beta negativo somos testadas até o limite. Se a cabeça já não estava boa, vai piorar. Se o casamento estava meio capenga, correrá o risco de ir para o brejo de vez.
Mas a boa notícia que tenho para dar é que essa dor horrorosa do beta negativo passa !  A lembrança de tudo o que se viveu vai ficar para sempre. Não é uma experiência comum, mas podemos sim ficar bem, fazer planos de novo e talvez até desistir. Sim !!!!! Desistir ! Todo mundo fala em tentar infinitamente, mas para quem pretende desistir e canalizar suas energias para outra coisa na vida, eu digo que faça isso se é de todo o seu coração. Não continue porque "todo mundo" tenta uma insanidade de vezes. Ir até o fim não significa enlouquecer. 
Eu quero ficar grávida e ter um filho e você que está lendo isso agora muito provavelmente quer também, mas a vida é muito maior e tem que ser plenamente vivida engravidando ou não.
Então chore. Chore muito !!! Dê-se o direito de ficar triste, mas levante-se e continue porque VOCÊ é mais importante que tudo. E não se esqueça de que a fertilização in vitro não é o fim da linha caso não tenha dado certo. Há muitas mulheres que conseguiram engravidar depois de várias tentativas mal sucedidas de reprodução assistida, mas isso é assunto para outro post.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

O começo

Há pouco mais de um ano (julho de 2014)  fiz uma videolaparoscopia para eliminar focos de endometriose e alguns miomas. Eu sofria com cólicas menstruais muito fortes e infertilidade.
Já tinha 40 anos, mas esperava conseguir engravidar naturalmente depois da cirurgia.
Conforme os meses foram passando e nada acontecia, decidimos procurar um especialista em infertilidade que decretou que no nosso caso só teríamos alguma chance com a fertilização in vitro. Ele nos indicou uma clínica em São Paulo onde os preços eram mais acessíveis e lá fomos nós em maio deste ano.
Até então não havíamos tentado nenhum outro tratamento.
Como moramos no interior, tivemos que fazer muitas viagens pois a clínica é em São Paulo, capital.
A gente vai cheio de esperanças, de expectativas e até de certezas. Eu pensava que com a fertilização era praticamente certo conseguir engravidar.
Não foi nada disso.

A primeira tentativa de fertilização

Depois de feitos todos os exames, voltamos um julho para darmos início ao tratamento.
Eu e meu marido não pesquisamos nada. Simplesmente mergulhamos de cabeça. Hoje eu já faria diferente se fosse para tentar uma "FIV" de novo.
Bom, mas fomos sem saber nada e confiando cegamente nos médicos.
Começou a indução da ovulação com Menopur, Orgalutran e depois Choriomon. Não estava tomando nada além de ácido fólico e achava que estava tudo certo.
Foi marcada a punção para a aspiração dos folículos no dia 20 de julho de 2015 de manhã. Isso é feito sob sedação. É necessário jejum e todo um protocolo como se fosse para uma cirurgia mesmo. Eu tinha quatro folículos. No mesmo dia o maridão fez a coleta do sêmen. Depois os embriologistas escolhem os melhores espermatozóides para injetar em cada óvulo. Os embriões ficam numa incubadora por três dias (em alguns casos por cinco dias até se tornarem blastocistos) até serem transferidos para o útero.
No meu caso, dos quatro óvulos três se tornaram embriões. Foi marcada a transferência para o dia 23 de julho, às 14h45, dos nossos três embriõezinhos.
Saímos de nossa cidade, distante cerca de 330 km da capital, como se estivéssemos "grávidos". Estávamos confiantes e felizes.
Transferimos nossos três embriõezinhos de três dias. Na tela do ultrassom o médico nos mostrou um pequeno ponto brilhante que guardava nossos filhinhos. Naquele exato instante eu estava grávida ! É um momento único. De forma natural dificilmente um casal sabe o momento real da gravidez. Num tratamento desse a gente fica grávida com hora marcada ! Você olha a tela no centro cirúrgico e vê aquele pontinho no seu útero. É uma emoção indescritível !
Aguardamos até o dia 04 de agosto para realizar o exame BHCG. Foram os doze dias mais angustiantes de nossas vidas. Eu, que já passei por tanta dor e sofrimento e me achava forte, desmoronei e me senti pequena e acuada. Eu oscilava entre otimismo e pessimismo nesses doze dias. E oscilava pra valer. Num minuto eu tinha certeza que estava grávida e no minuto seguinte eu tinha certeza que não estava.
Chegou o bendito dia 04 de agosto e fiz o teste de manhã. À tarde estava pronto e eu e o maridão fomos lá buscar o resultado. Ele abriu. Negativo. Choramos ali mesmo e nos abraçamos.
Nesse momento eu não vou mentir: me revoltei, praguejei chorando e perguntei pra Deus porque nos deixou chegar até ali.